top of page

EUA x China: A Nova Disputa pela América Latina



EUAxCHINA e AL
EUAxCHINA e AL

A América Latina tem se tornado um campo estratégico para a disputa de influência entre duas potências globais: Estados Unidos e China. Em meio a transformações econômicas, políticas e sociais, os países latino-americanos buscam fortalecer suas parcerias internacionais, enquanto as superpotências intensificam sua atuação na região. Este cenário geopolítico complexo tem impactos diretos na soberania, no desenvolvimento e no futuro das nações latino-americanas.


Histórico de Influência dos EUA


Desde o século XIX, os EUA exerceram influência predominante na América Latina, formalizada pela Doutrina Monroe (1823) que propagava a ideia de “América para os americanos” — um eufemismo que, na prática, consolidava a hegemonia norte-americana. Ao longo do século XX, essa presença foi reforçada por ações militares, apoio a golpes de Estado e controle econômico.


Durante o 1º governo de Donald Trump (2017–2021), os EUA endureceram sua postura frente à China, impondo barreiras comerciais e pressionando países latino-americanos a romperem acordos com empresas chinesas, especialmente no setor de telecomunicações. Essa postura continua sendo reforçada em seu atual mandato (desde 2025), com foco renovado em segurança nacional e supremacia tecnológica.


A Expansão da China na Região


A China, por sua vez, adotou uma estratégia de "soft power", investindo em infraestrutura, oferecendo crédito acessível e fortalecendo o comércio bilateral. Desde a criação da iniciativa "Uma Faixa, Uma Rota", o país asiático intensificou sua presença em portos, ferrovias, estradas e sistemas energéticos em países como Brasil, Argentina, Chile e Peru.


Além disso, a China tornou-se o principal parceiro comercial de diversos países latino-americanos, ultrapassando os EUA em volume de trocas em setores como mineração, energia e agronegócio. Seu discurso de “cooperação sul-sul” conquista simpatia em governos que buscam alternativas ao modelo norte-americano.


Setores Estratégicos em Disputa


1. Infraestrutura e Energia: Empresas chinesas participam de megaprojetos como a construção de usinas hidrelétricas, ferrovias e redes elétricas. Os EUA, por outro lado, tentam contra-atacar com iniciativas como a "América Cresce", que busca financiar projetos de infraestrutura via Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).



2. Telecomunicações: A Huawei, gigante chinesa da tecnologia, tem presença consolidada em vários países da região. Washington tenta conter sua expansão alegando riscos à segurança cibernética e incentivando alternativas ocidentais.



3. Recursos Naturais: A disputa por minerais estratégicos como lítio, cobre e nióbio é intensa. Bolívia, Chile e Argentina são peças-chave nesse tabuleiro, com ambos os países tentando influenciar suas políticas de exploração.




A Reação dos Países Latino-Americanos


Diante dessa disputa, muitos países latino-americanos adotam uma postura pragmática e não alinhada, buscando extrair benefícios de ambas as potências. No entanto, essa estratégia nem sempre é fácil: acordos com a China muitas vezes são malvistos por Washington, enquanto o apoio norte-americano, frequentemente, vem condicionado a exigências políticas.


O México, sob a presidência de Claudia Sheinbaum, tem procurado equilibrar sua proximidade histórica com os EUA com uma abertura crescente à China e à União Europeia. Já países como Venezuela, Cuba e Nicarágua se aproximam mais abertamente da China, em oposição à hegemonia estadunidense.


Efeitos Geopolíticos e Riscos


A crescente militarização do discurso geopolítico, especialmente durante o atual mandato de Donald Trump, que retomou a retórica do "quintal americano", aumenta a tensão diplomática. Essa postura foi criticada publicamente por diversos governos sul-americanos, que exigem respeito à soberania e ao multilateralismo.


A rivalidade também expõe os países da região ao risco de se tornarem peões em uma nova Guerra Fria, com impactos negativos para a estabilidade política, o crescimento econômico e a cooperação regional.


O Papel da União Europeia


Em paralelo, a União Europeia tenta ocupar espaço com acordos comerciais e incentivos à transição energética. O pacto UE-Mercosul, embora ainda em negociação, sinaliza a intenção europeia de reequilibrar as influências na região. Espanha, Alemanha e França têm ampliado sua diplomacia econômica e ambiental na América Latina.


Caminhos Possíveis


A alternativa mais sustentável para a América Latina está na integração regional. Fortalecer blocos como CELAC, Mercosul e Aliança do Pacífico permite maior poder de barganha e resiliência frente às pressões externas. Investir em educação, inovação e industrialização é crucial para não depender apenas de commodities e se posicionar com autonomia no cenário global.


Conclusão


A nova corrida por influência na América Latina redefine alianças e desafia os países da região a se posicionarem com sabedoria. Entre Washington e Pequim, está em jogo não apenas comércio, mas o futuro político e social de todo um continente.


Apoie aqui o blog 'Bom Dia América' e ajude a expandir análises críticas e conteúdos independentes sobre o nosso continente. Curta, compartilhe e contribua com essa iniciativa que valoriza a informação com profundidade e propósito!


Tags


Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page